... quem gosta quer estar perto, quem adora sabe que amor
é verbo e não substantivo, é uma aventura diária carnal e emocional,
não uma moldura bonita e pertinente a enfeitar as paredes da sua vida.
Amor é manco de gramática, sendo quase tão certo quanto matemática,
entretanto não aceitando resultados inexatos, com vírgula ou aposto.
Todo pormenor a dividir duas pessoas deve levar nas costas qualquer
nome. Amizade, capricho, tico-tico-no-fubá, quiproquó, pirraça, o que
for. Menos amor.
A razão de amar é simples. Um e um são dois. Eu te amo + eu te quero =
dou um jeito de ficar contigo. Dou jeito de andar do seu lado, de
dividir tempo, cheiro, edredom, banheiro e melancia. A razão dos amantes
não calcula-se no papel, na ponta do lápis. Sim no viver, sim no
sentir. O amor existe no calor da iminência, do arredor, do tato e do
contato. A frieza do resto, embora lembre um pouco amor, na real é
qualquer bobagem.
Gabito Nunes
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