Acho que em alguns dias a gente acorda meio louca. Não tem outra explicação. Dá uma saudade de coisas que já passaram, de coisas que nem vivemos direito, do que nem sabemos ao certo. E uma vontade de trocar de nome, de corpo, de cabelo, de profissão, de país, de vida.
Não é fácil conviver com o presente e com o passado. Não é fácil perder a mania de ficar tentando prever o futuro, ficar naquele jogo infinito de adivinhação, tateando feito um cego o amanhã que só vai chegar na hora que tiver que ser. Então, me pergunto: o que, afinal, é? A gente não sabe da onde vem, o que faz no mundo, pra onde vai.
Cadê a explicação? Por que temos que passar por determinada coisa, por que pra alguns a vida é mais difícil, por que tem gente que não sofre, não passa aperto? Por que a vida parece que ilumina algumas pessoas e deixa outras no escuro? Eu não sei dizer, você também não sabe. O que eu sei é que parece que para algumas pessoas a vida é mais fácil, as coisas acontecem de forma mais simples, tranquila, sem sobressaltos, tempestades e medos.
Olha, quer saber, não sei porque falo tudo isso agora. Acho que acordei louca. Louca de saudade de mim. Louca de saudade dos meus sonhos que ficaram trancados dentro da gaveta. Louca de vontade de voltar no tempo e fazer certo. Mas eu fiz o que tinha que ser feito. Eu fiz o que estava ao meu alcance. Me arrependi, sim, de algumas coisas. Quem nunca se arrependeu? Acho que a gente tem muitas chances na vida pra tentar endireitar as coisas. E eu tento me endireitar constantemente. Vou torcer para que isso signifique alguma coisa no meio desse emaranhado de incertezas e interrogações que é a vida.
Clarissa Correa
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